A descoberta do câncer

Sempre fui muito preocupada com esta doença, fazia meus exames regularmente, pois minha mãe faleceu de câncer e quando foi descoberto já estava muito avançado.

Em 2011 fui à minha ginecologista para fazer os exames de rotina e disse a medica que eu tinha notado um caroço pequeno e palpável diferente na mama direita. Fiz a mamografia e Ultrassom e biopsia e fiquei aguardando o resultado.

Eu estava no cabeleireiro na minha hora de almoço e minha medica ligou e e disse o diagnóstico que era um carcinoma e que eu deveria procurar um mastologista, fiquei sem chão. Chorei muito e não tinha ninguém que eu poderia dividir naquele momento a minha dor. Voltei ao trabalho e procurei forças para continuar até o fim do dia.

Chegando em casa contei ao meu marido o resultado e para minha surpresa,

ele sem mesmo saber o diagnostico, já tinha marcado consulta no dia seguinte no Hospital AC Camargo com a mastologista. Procurei me segurar o quanto eu pude, pois meu filho tinha somente 9 anos e não queria assusta-lo. Fui tomar banho ai veio um medo. Medo do que estava por vir, do incerto, de sei lá o que. Um frio na barriga um no na garganta. Esta doença nos pega desprevenida e ninguém esta preparado nunca. Pensava porque eu Deus, sempre fui boa, amiga, compreensiva, procurava ajudar sempre os outros, eu não merecia isso. Mas depois fui me acalmando e rezei para que Deus me desse muita força para superar, pois tinha um filho que dependia de mim. E pensei: e porque não eu, porque eu acho que os outros podem ter esta doença maldita, sei lá muitas coisas passavam na cabeça nesta hora.

Usando peruca

Fiz uma bateria de exames e ouvi da medica que eu era uma pessoa de muita sorte, pois descobri tudo muito no começo e que faria uma cirurgia o quanto antes para retirar os nódulos. Fiz a cirurgia e correu tudo bem, foi retirado somente um quadrante da mama direita. Um mês após a cirurgia fui fazer acompanhamento mensal com Oncologista e iniciei a quimioterapia. Meu cabelo começou a cair, esta fase é horrível, mas consegui levar numa boa. Comprei uma peruca natural e raspei a cabeça. Achei que iria chorar, mas foi tudo tão natural que não sofri tanto pela perda do cabelo. Pensei, cabelo nasce novamente, e esta é só uma fase que estou passando e logo vai crescer.

Estava me sentindo feliz com meu marido, meu filho, minhas queridas irmãs, cunhados, sobrinhas, sobrinhos, sogra, sogro e amigos. Feliz por ter apoio e carinho de todos. Acho que tudo que eu estava passando fez com que todos repensassem na vida e quanto temos que aproveita-la a cada dia.

Fiz 4 quimioterapias, a primeira foi muito ruim, pois não conseguia comer nada, nem água parava no estomago o cheiro da comida, fazia eu passar mau. Meu marido fazia a comida e eu ficava no quarto com a porta fechada. Meu marido ficava forçando eu pelo menos tomar uma água de coco para hidratar. Aos poucos fui melhorando, ficava uma semana indisposta. A cada 21 dias eu fazia a quimio. Trabalhava três semanas e uma ficava afastada para fazer a quimio. Aos poucos o organismo foi acostumando e as demais foram mais fáceis. Após a quimio iniciei as rádios. Todos os dias no final do dia eu ia fazer a radio no hospital. Não tive nenhum efeito colateral grave a não se o cansaço e a queimadura na pele. Fiz 28 radios.

No trabalho tive muito apoio e carinho de todos em especial dos diretores que acolheram e entenderam a fase que eu estava passando. Isso me dava força para melhorar logo e voltar às atividades normais feliz da vida.

Confesso que no final de tudo acabou sendo tranquilo não foi um bicho de sete cabeças. Após as quimios e rádios iniciei o tratamento hormonal com Tamoxifeno, que trouxe alguns efeitos colaterais como: calorões e dores nas articulações. Este remédio e via oral e geralmente as pessoas tomam por 5 anos. No meu caso foram 2 anos e meio.